quarta-feira, 11 de abril de 2012

Afinal de contas, quem é Jesus Ressuscitado?


A história não nos permite dar uma resposta final a essa questão. Nem mesmo os discípulos souberam quem Ele era. Quando Jesus foi preso, os discípulos se dispersaram. Pedro reconhecido no palácio de Heródes negou três vezes a Jesus antes que o galo cantasse (cf. Mc 14, 66-72). Na realidade, na sexta-feira da paixão, dia 22 de abril (memorado na liturgia deste ano), foi um dia como se Jesus não tivesse existido. No entanto, no domingo de madrugada, ele se mostrou vivo. E os discípulos começaram acreditar em Jesus. Eles começaram a perceber que os milagres, sinais do seu poder extraordinário haviam mostrado que Jesus era realmente o Messias, aquele que devia vir. Jesus foi mostrado muito mais do que um homem, pois a morte não tinha poder sobre Ele, porque estava vivo. A morte tinha sido um acontecimento na sua vida, mas superado porque perdeu seu aguilhão como morte tornando uma expressão do seu poder como vivo junto de Deus.
Assim, podemos dizer que a fé em Jesus tem seu ponto de partida na ressurreição. Assistimos, então, um processo longo que se vai aos poucos percebendo que a relação de Jesus com Deus é uma relação íntima e de natureza. Jesus é realmente o Filho de Deus. A relação entre o Filho e o Pai é uma relação de unidade da substância, unidade da natureza. Isso os cristãos só vão confessar no início do século IV, ou seja, 300 anos depois da morte e ressurreição de Jesus, no I Concílio Ecumênico de Niceia (ano 325), afirmando que o “Filho é consubstancial ao Pai” (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 242).
Devido a isso, surgiram outros problemas: como pode o Filho consubstancial ao Pai ser homem? Como ainda compreender a unidade de Jesus, Filho de Deus e filho de Maria? Já no século IV, as comunidades cristãs confessavam que Maria é mãe de Deus. Então, como entender esta loucura em dizer que Deus tem uma mãe ou que o Filho de Deus tem uma mãe; que o Filho de Deus foi concebido por uma mulher, concebido por Maria. Essa dificuldade na compreensão é resolvida no IV Concílio Ecumênico de Calcedônia (ano 451), confessando que Jesus é um só sujeito, uma só pessoa, entretanto ele é ao mesmo tempo Deus e homem, sem confusão nem mistura, sem separação nem divisão (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 467). Toda nossa interpretação para compreender quem é Jesus tem que partir desse fundamento, que nos remete há mais de 1500 anos.

Texto: Pe. José Luiz Sauer Teixeira - Pároco de Siderópolis.

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